Cada pintura nasce de um momento de tensão interior.

Um evento, uma imagem, uma emoção intensa se impõe na minha mente até formar cenas vivas que preciso libertar.

Pintar é abrir espaço mental quando tudo transborda.

À Beira de Si

À Beira de Si

Sentado no limite entre o dentro e o fora — entre o mundo e o abismo interno. Não há movimento, apenas o gesto lento de tirar um sapato — como quem se despede do peso do corpo. Há um vazio tão denso que parece puxar tudo para dentro dele.

Atrás dele, a persiana está cerrada. Nenhuma luz entra, nenhum olhar sai. É um símbolo do isolamento absoluto, do mundo que se fechou — ou que ele mesmo fechou, por dentro e por fora. A cidade continua, mas para ele, tudo parou.

A fachada amarela tenta enganar com sua cor quente, mas não consegue. O contraste entre a vida lá fora e o desespero contido ali é brutal. Uma sensação constante de estar preso a um estado de inércia, de peso invisível, onde cada ato se arrasta como se o tempo tivesse parado.

Esta pintura nasceu de uma vivência profunda: a depressão.

N.B. Não estou em depressão atualmente. Esse estado é algo que vivi há ...muito tempo. A imagem ficou marcada na minha memória… até o dia em que finalmente a pintei.

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Take It

Take It

Um esquilo azul hesita diante de um objeto que parece estar ao alcance... mas há algo inquietante na cena. A estrutura gira, instável, quase ameaçadora. Acima, a mensagem clara: “TAKE IT” — pegue, arrisque, avance.

Essa pintura é sobre aquele momento de dúvida que precede a coragem. Sim, o desafio é real. Sim, pode dar errado. Mas o prêmio só vem para quem se move, mesmo com medo.

"Take it" é um chamado para quem está diante de uma escolha difícil, para quem sente o frio na barriga antes de dar o salto. Às vezes, o caminho para alcançar o que queremos passa por zonas instáveis — mas não há conquista sem risco.

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Ao Próprio Caminho

Ao Próprio Caminho

Um bloco pesado, geométrico, quase monumental, avança sozinho sobre um espaço abstrato, sustentado por duas borboletas delicadas. Os laços azuis que o seguram parecem frágeis demais — e mesmo assim, seguem firmes. Na lateral, uma inscrição discreta em vermelho: "Dem Eigenem Ziel" — que em alemão significa "a própria meta" (fiel ao próprio caminho), o "Seguir o próprio caminho, apesar das expectativas externas.".

Esta obra representa uma travessia solitária: o momento em que, mesmo sem apoio, sem compreensão, sem mapa, alguém escolhe caminhar para onde sente que precisa ir.

As borboletas simbolizam a leveza que sustenta até os fardos mais densos — a transformação silenciosa de quem decide continuar, sozinho.

Um manifesto visual sobre seguir seu próprio caminho, mesmo que ninguém entenda, mesmo que pareça absurdo, mesmo que doa.

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Resurgam

Resurgam

Uma criança, em pé diante da boca aberta de um leão, estende as mãos com firmeza. O sangue escorre discretamente, mas ele não recua. A cena carrega a potência de um provérbio marroquino: “tirar algo da boca de um leão” — enfrentar um desafio quase impossível, com coragem visceral.

Tatuado no braço, a palavra Resurgam — “eu ressurgirei”. Inspirada pela frase usada após o grande incêndio de Londres, ela se transforma aqui num lema íntimo de reconstrução pessoal. Esta obra é sobre resistência, superação e a fé bruta de quem escolhe se erguer, mesmo sangrando.

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Ao Próprio Caminho

Memória Engolida

Entre duas fachadas, ergue-se uma tensão silenciosa: de um lado, o calor do passado — uma casa enxaimel, vibrante, cheia de detalhes, memória e presença. Do outro, a frieza do futuro — uma biblioteca moderna, cinzenta, quase genérica, recém-construída no campus da Universidade de Karlsruhe.

Quantos arquitetos e designers de interiores ao redor do mundo são premiados e aplaudidos por projetarem edifícios e espaços chamados de "limpos", "neutros", "puros"

Ah, como eu detesto essa palavra: “neutro”!

Pisos de cimento queimado "neutros", linhas frias, agressivas, vazias — tudo “neutro”. Como se isso fosse sinônimo de sofisticação. Esses profissionais, em nome de uma estética globalizada e dita “moderna”, trocam — sem pudor — séculos, às vezes milênios de expressão cultural, artesanal, identitária… por traços tão ocos quanto seus conceitos. A cidade vira vitrine. O espaço vira produto. A alma vira ausência. E por causa deles, tantas cidades ao redor do mundo passaram a se parecer — tão "neutras" quanto previsíveis. Essa palavra... “neutro”... não representa leveza. Representa apagamento. Representa perda.

esta pintura nos lembra que o singular é resistência. Que preservar a beleza imperfeita, histórica, identitária... é um ato de rebeldia para preservar nossas civilisacoes respectivas !!!